Opinião
25/08/2008
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Doença corrompe lucidez ao levar à compulsividade
Doença corrompe lucidez ao levar à compulsividade
Patologia conhecida como Transtorno Dismórfico Corporal induz a busca de um padrão estético inatingível
Tathianne ChiquetteEm 1987, a Associação Americana de Psiquiatria descreve o Transtorno Dismórfico Corporal como aquele em que a obsessão por encontrar defeitos físicos leva indivíduos exacerbadamente a mesas cirúrgicas. Estudo realizado no Hospital das Clinicas, em São Paulo, com 350 pacientes atendidos pela dermatologia, constatou que 14% apresentava a patologia. Nos consultórios plásticos, a incidência indicou 10%. A pesquisa também verificou que vítimas da doença chegam a submeter-se a nove cirurgias de nariz. Em uma sociedade de culto a beleza e frescor da juventude, avanços técnicos e barateamento dos procedimentos estéticos resultaram no aumento do contingente de indivíduos que recorrem ao bisturi.
Não há imoralidade em consertar uma falta de acabamento congênita, reduzir a silhueta castigada pelo excesso calórico e sedentarismo ou mascarar as evidências do tempo. A cirurgia plástica conserva e restaura a auto-estima. O problema é quando o abuso prevalece sobre o bom-senso.
Munidas de argumentos irrefutáveis quanto a defeitos estético-pessoais, vitimas do Transtorno Dismórfico Corporal praticam "turismo médico" em busca de sugestões sobre o que deveriam mudar em sua imagem. Quando a insanidade pelo ideal físico é refutada e a cirurgia apontada como desnecessária ou passível de resultados desastrosos, o próximo cirurgião é consultado.
A indústria das celebridades influencia no estabelecimento de padrões estéticos alcançáveis apenas por meio de intervenções cirúrgicas. Atrizes e modelos são arquétipos de beleza e juventude que conduzem indivíduos, por meio da plástica, a pasteurização fisionômica. O corpo passou a ser visto como algo que deve ser melhorado à mercê de uma imposição ditatorial.
Simetria, equilíbrio e proporção são aspectos que norteiam a natural beleza humana. Lifting, rinoplastia, colocação de prótese mamaria e lipoaspiração, por exemplo, são intervenções invasivas que exigem reflexão quanto à manutenção harmônico-corporal. Possivelmente os lábios da atriz norte-americana Angelina Jolie não expressariam sincronia com qualquer estrutura facial além dela mesma.
A compulsão pelo padrão estético invejável induz ao amadurecimento exacerbado do fruto de Afrodite intrinsecamente semeado no homem. Indivíduos que cultuam estereótipos de beleza caem nas malhas doentias do Transtorno Dismórfico Corporal. Intervenções plásticas são condizentes quando recorridas com cautela.
Imagem/http://oglobo.globo.com/fotos/2006/10/30/30_MHG_ECO_plasticas230.jpg
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